sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Calúnia de Sandro Botticelli

A Calúnia - Sandro Botticelli 1495 - Uffizi Florença
Último de quatro filhos, Alessandro Filipepi, conhecido mundialmente como Sandro Botticelli, nasce em Florença, mais precisamente numa zona chamada de Borgo Ognissanti,  em 1445. Seu pai, Mariano Filipepi, era um humilde artesão que trabalhava com tinturas de couros.

Botticelli formou-se na Bottega, ou seja, no estúdio de Filippo Lippi e foi, juntamente com Michelangelo Buonarroti, um dos artistas mais influenciados na corte de Lorenzo Il Magnifico pela teoria neoplatônica.

Sua fase juvenil foi marcada pela representação de diversos personagens da mitologia grega e podemos citar diversos quadros que são protagonistas absolutos da Galleria degli Uffizi, em Florença, como a Primavera, o Nascimento de Vênus, Minerva e o Centauro e também a Calúnia, que é uma obra não muito conhecida provavelmente porque é um quadro de pequena dimensão e passa despercebida pela multidão de turistas que passa todos os dias pelo Uffizi. Como dito antes, é um obra pouco conhecida, mas não menos importante. 

A Calúnia de Sandro Botticelli

A Calúnia é uma obra de 1495 e foi feita para o banqueiro florentino, amigo de Leonardo da Vinci, Antonio Segni. 

O quadro representa uma complexa alegoria inspirada no legendário pintor da antiguidade Apelles, o qual foi acusado de uma calúnia. 

O Rei Midas aconselhado pela Ignorâcia e pela Suspeita
  
A leitura da obra de Botticelli se inicia pela direita e devemos imaginá-la como um pequeno tribunal.  À direita, sobre um pequeno pedestal sentado ao trono, temos o Rei Midas e podemos reconhecê-lo através das orelhas de burro. Em torno do Rei podemos ver duas moças, ou melhor, duas conselheiras, que cochicham ao pé da orelha do rei palavras de dúvidas. As duas moças são as alegorias da Ignorância e da Suspeita.

Em frente ao Rei Midas encontramos um homem vestido de preto e encapuzado, alegoria do Rancor, que pega pelo pulso uma bela jovem com um manto azul.

O Rancor, a Calúnia, a Fraude, Inveja e o Caluniado
A jovem de manto azul simboliza a Calúnia, que está sendo penteada por outras duas jovens moças: a Fraude e a Inveja, que colocam nos cabelos da Calúnia as flores símbolos da simplicidade e uma fita branca, símbolo da pureza. 

Interessante a composição feita por Botticelli: quem leva adiante a Calúnia é o Rancor, ou melhor, o Rancor e a Calúnia andam de mãos dadas, a Fraude e a Inveja fazem com que a Calúnia fique mais bela  dando-lhe pureza e simplicidade. 

Na mão esquerda a Calúnia trás uma tocha acesa que não ilumina. A chama proveniente da tocha é uma representação da denúncia, que acusa sem ser clara. 

Na mão direita, a Calúnia arrasta pelos cabelos um homem seminu, que é o Caluniado. Vejam que interessante a representação do Caluniado: coberto somente nas partes íntimas, deixando claro que não tem nada a esconder. Observem a posição das mãos juntas, como se estivesse perguntando: "O  que foi que eu fiz?".
A Verdade e a alegoria da Penitência e do Remorso
Para finalizar, encontramos uma velha vestida de preto e encapuzada - alegoria  da Penitência e do Remorso. Notamos que ela olha para trás e encontra uma moça nua que parece uma Vênus e que com o dedo indica o céu, trata-se da representação da Verdade. O Remorso é o único que conhece a Verdade nua e crua que, indicando o céu, nos diz que a verdadeira justiça é somente aquela divina.
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